domingo, 16 de setembro de 2012

Pequena história do voto no Brasil


O nosso voto
A cada dois anos, a ladainha: a obrigação ou não do voto no Brasil. Entendo que nos obrigamos “in memoriam” àqueles que tombaram nas lutas pela restauração à "liberdade de manifestação" e do "voto livre e direto".

Nossa atual Carta Política – CF/88 -, em seu artigo 14 é clara: "A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal (...)". Mas, nem sempre o trato à soberania popular foi assim: As Cartas de 1891, 1934 e 1937 proclamavam o voto censitário: votava aquele que preenchia determinada qualificação econômica, excluídos, portanto, os trabalhadores e as mulheres.

As Cartas de 1946, 1967 e 1969 rezavam uma democracia representativa, porém de caráter restrito. Em 1988, após intensas lutas contra a ditadura e pelas “Diretas”, foi consagrada a Carta Cidadã que trouxe a eleição livre, direta e irrestrita. Quantos sacrifícios a manchar de sangue a história do Brasil. Por toda luta até então, entendemos o voto como uma manifestação cívica a que se obriga todo/a cidadão/ã brasileiro/a. O voto feminino nasceu aos – 24/2/1932.

domingo, 9 de setembro de 2012

Ruralista se escandaliza com trabalho escravo


Deputado ruralista se choca com trabalho escravo no Pará.
Ao acompanhar libertação de trabalho escravo contemporâneo no Sudeste do Pará, Giovanni Queiroz (PDT/PA) admite: "Nunca vi nada tão ridículo".
Por Bianca Pyl  -  Reporter Brasil
"Pensei que não existisse mais isso no Brasil". Vinda do deputado federal Giovanni Queiroz (PDT/PA) - integrante da bancada ruralista, que costuma contestar a existência de trabalho escravo contemporâneo no país -, a declaração relativa à situação enfrentada por oito vítimas desta forma de exploração desumana no Sudeste do Pará ganha em consistência.

Junto com seus pares Cláudio Puty (PT/PA), Walter Feldman (PSDB/SP) e Ivan Valente (PSol/SP), respectivamente presidente, relator e membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Trabalho Escravo aberta no Congresso Nacional, o congressista acompanhou operação do grupo móvel de fiscalização e combate ao trabalho escravo realizada semana passada.

Grupo de trabalhadores estava alojado em barracos de lona e não recebia salários (Fotos: MTE)

O grupo foi resgatado na execução do chamado "roço de juquira" (abertura para a expansão da pastagem para atividade pecuária) da Fazenda Alô Brasil, que pertence a Luís Batista Mariano, localizada em Rio Preto, zona rural do município de Marabá (PA). A propriedade tem cerca de 500 alqueires (em torno de 1,2 mil hectares), com aproximadamente 800 cabeças de gado.

Composta também por integrantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF), a fiscalização encontrou trabalhadores em condições degradantes (alojados em barracos precários de lona e terra de chão batido, sem acesso à água potável, à alimentação adequada e à banheiro), sob isolamento geográfico, sem receber salários há dois meses, submetidos tanto à servidão por dívida e como a jornadas exaustivas do início da manhã até o anoitecer.

"Vimos uma situação vergonhosa, constrangedora. Nunca vi nada tão ridículo", descreveu o ruralista Giovanni Queiroz. De acordo com ele, o proprietário não tinha "nenhuma desculpa" para tratar os empregados de tal maneira, pois a fazenda era de meio porte, inclusive com "curral bem feito".

O deputado Cláudio Puty, 
que já acompanhou uma fiscalização de combate ao trabalho escravo urbano em São Paulo (SP), também ficou impressionado com o que viu. "Uma coisa é você saber o que é trabalho degradante pela letra da lei e outra é ver uma situação chocante como essa", avaliou.

Quadro
Foram cinco horas de estrada de terra até a fiscalização alcançar a fazenda. "O local é de difícil acesso e o povoado mais próximo fica a 30 quilômetros da fazenda", salientou Ivan Valente, outro parlamentar que esteve na operação, enfatizando o grau de dificuldade de acesso ao local.

Os regatados foram atraídos pela promessa de ganhar R$ 130 por alqueire convertido em pasto - o que, em média, levaria 15 dias. Contudo, o empregador não cumpriu a promessa. Há cerca de dois meses no local, tinham sido contemplados apenas com pequenos adiantamentos, que posteriormente seriam descontados de seus vencimentos. Sem salários, eles viam que dificultava ainda mais o deslocamento da Fazenda Alô Brasil.
Água usada era a mesma disponível ao gado; não havia sanitários e alimentação era escassa

A água consumida pelos resgatados - para tomar banho, matar a sede e cozinhar - era a mesma consumida pelo gado. As vítimas dormiam em barracas de lona abertas, sem nenhuma proteção. "Na região, o calor é intenso e, durante a noite, é muito frio. Os trabalhadores estavam expostos, ao relento", completou o experiente deputado do PSol.

Somente o vaqueiro dormia em um cômodo de alvenaria. Contudo, o local servia de depósito para agrotóxicos e combustível, entre outras coisas, e também estava em péssimas condições. Não havia instalações sanitárias no local, o que obrigava os empregados a utilizar o mato como banheiro. 
A alimentação era preparada por um dos trabalhadores, que recebia um adiantamento e comprava a comida, que era escassa. A carne consumida pelos trabalhadores estava estragada, com moscas. 
A jornada de trabalho era extensa, iniciando por volta das 6h30 até o anoitecer, de segunda à sábado. Aos domingos, os trabalhadores costumavam pescar para tentar compensarr a falta de comida à disposição. Por conta da distância e da falta de dinheiro, não saíam da propriedade.

Os auditores fiscais encontraram cadernos com anotações de dívidas referentes à compra de fumo, botas e sabonetes, entre outros itens. Ninguém tinha a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) preenchida. Conjuntos completos de Equipamentos de Proteção Indivual (EPIs) não eram fornecidos. 
De acordo com o auditor fiscal Benedito de Lima e Silva Filho, coordenador da fiscalização, foram lavrados 12 autos de infração contra o empregador, que pagou as verbas rescisórias no total de R$ 25 mil.
Representado pelo procurador do trabalho Allan de Miranda Bruno na fiscalização, o MPT firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com os responsáveis pela área que prevê indenização de R$ 30 mil por danos morais coletivos e outros R$ 10 mil por danos morais individuais.

Comissão
Na visão de Benedito, a participação de congressistas na fiscalização ajuda a desmistificar as ações empreendidas contra esse tipo de crime. "Eu achei de suma importância a participação dos deputados nesta operação. Ao longo do tempo, quem não acompanha o combate ao trabalho escravo tende a não compreender a situação que relatamos. Alguns acham até que o grupo móvel exagera. Mas, nesta ocasião, os parlamentares puderam ver que os relatórios correspondem à realidade", avaliou Benedito, que tem mais de dez anos de experiência no combate ao trabalho escravo. 
Para Ivan Valente, a presença de um integrante da bancada ruralista (Giovanni Queiroz) foi muito positiva para conferir in loco a situação em que brasileiras e brasileiros ainda vivem, que é a de "incontestável" escravidão contemporânea, "uma fotografia real do trabalho escravo".
O presidente da CPI, Cláudio Puty informou que apresentará proposta na próxima reunião administrativa da comissão, marcada para a próxima quarta-feira (05/09), solicitando que os proprietários autuados nas últimas fiscalizações rurais, incluindo Luís Batista Mariano, da Fazenda Alô Brasil, sejam convocados para prestar depoimentos aos parlamentares. 

sábado, 1 de setembro de 2012

Caso Banestado respinga em Serra.


==BANESTADO==


A novela do Banestado foi retomada com a intensidade devida eis que em seus capítulos finais. “A apuração do caso identificou, em sua fase inicial, a operação de uma rede de doleiros para o envio ilegal de recursos para exterior no período de 1996 a 2005. Neste período, mais precisamente entre 1996 e 2000, esta conta recebeu o depósito de US$ 176,8 milhões. Sempre segundo a PF.


(3) AIJ002 aponta o nome do empreiteiro Wigberto Tartuce, ex-deputado federal por Brasília”.Em 2010, o bloqueio, interposto, veio por terra e a quantia foi transferida para o governo dos EUA, que ajuizou ação -– “interpleader action” – {a fim de determinar a quem caberia o montante}. O pedido foi apresentado pelo Brasil no decorrer desta ação.


Por meio do Ministério da Justiça e da AGU—Advocacia Geral da União, comprovou-se, perante a Justiça dos EUA, que os [ativos bloqueados] em Nova Iorque, anteriormente sob propriedade de três brasileiros, constituem produto de crimes praticados no Brasil e, por isso, deveriam ser repatriados. O [secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão], ressaltou a parceria entre AGU e o Ministério da Justiça para o êxito desta repatriação de ativos ilícitos.


O [
dinheiro teria saído]de uma conta estranha e coincidentemente denominada ‘Tucano’ e transferido para a “conta 1050140210”, da empresa Rabagi Limited, no Helm Bank de Miami. Serra é apontado como o remetente dos recursos. O que demonstra que ele (José Serra) teria poderes para movimentar diretamente a conta Tucano.


Um dos principais documentos é o dossiê AIJ 000/03, de 11 de abril de 2003, assinado pelo perito criminal da Polícia Federal Renato Rodrigues Barbosa – [que chegou ao então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com um carimbo de “confidencial”.]



Dossiês:— (1) AIJ000/03 aponta o nome de José Serra, o mesmo do então ministro da Saúde e hoje candidato à prefeitura paulistana. (2) AIJ001 mostra transações financeiras do senador Jorge Konder Bornhausen, presidente nacional do então PFL, e do seu irmão Paulo Konder Bornhausen. (3) AIJ002 aponta o nome do empreiteiro Wigberto Tartuce, “ex-deputado federal por Brasília”. (4) AIJ004 aponta apenas S. Motta, que os policiais suspeitam ser o ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta, já falecido.


Ω::§:— O livro Privataria Tucana, que acabou se tornando um best seller, do jornalista Amaury Jr., traz detalhes sobre o caso.


Fonte: Correio do Brasil