segunda-feira, 30 de julho de 2012

SEQUESTRO E MORTE NO ARAGUAIA


MPF denuncia major da reserva por sequestro e morte no Araguaia
29/7/2012,  Por Redação, com Portal Vermelho - de Brasília

Ω:è O major da reserva Lício Augusto Maciel, conhecido como doutor Asdrúbal
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça o major da reserva Lício Augusto Maciel pelo sequestro do militante do PCdoB Divino Ferreira de Souza, o Nunes, capturado ilegalmente pelo Exército em 1973 e desaparecido desde então.
Também conhecido como Doutor Asdrúbal, o militar participou, há 40 anos, da Operação Marajoara, que pôs fim à Guerrilha do Araguaia, a maior ação de resistência armada à ditadura militar brasileira. Assassino confesso de pelo menos quatro guerrilheiros, Lício Maciel permanece impune.
A denúncia do MPF segue determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos que, em sentença de 2010, condenou o Brasil a apurar os crimes de lesa-humanidade ocorridos durante a guerrilha. Como a interpretação que o Supremo Tribunal Federal (STF) faz da Lei da Anistia, de 1979, impede que militares sejam punidos por crimes como assassinato e tortura, o MPF enquadrou o Doutor Asdrúbal pelo sequestro de Divino, considerado imprescritível.

ΩI:èDivino foi emboscado no dia 14 de outubro de 1973, na região do município de São Domingos do Araguaia (PA). De acordo com o MPF, ele e os companheiros André Grabois, o Zé Carlos, João Gualberto Calatroni, o Zebão, e Antônio Alfredo de Lima, o Alfredo, foram cercados quando abatiam porcos e não tinham nenhuma chance de reagir. Grabois, Calatroni e Lima foram executados na hora e Divino, sequestrado e levado com vida para a base militar da Casa Azul, em Marabá. Apesar de ferido, foi interrogado e submetido a grave sofrimento físico. Nunca mais foi visto.
Dez dias depois, Lício Maciel* seria responsável pela morte da guerrilheira Lúcia Maria de Souza, a Sônia, executada imediatamente após reagir ao ataque dos militares e ferir o major no braço e no rosto. Bem antes, já havia se notabilizado pela prisão do também guerrilheiro José Genoíno, que viria a se tornar presidente do PT.

O ódio do militar pela esquerda é tamanho que, em 2005, chegou a insinuar que Genoíno foi o verdadeiro responsável pelas mortes dos companheiros, já que, quando preso, delatou como funcionavam as bases da guerrilha, mesmo sem sofrer tortura ou ameaça. “Genoino, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu prendi você na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não lhe demos uma facãozada, não lhe demos uma bolacha – coisa de que me arrependo hoje”, disse ele, em discurso proferido na Câmara dos Deputados, durante sessão solene em homenagem aos militares que atuaram no Araguaia.
Tratado como um verdadeiro herói de guerra por outros militares de ultradireita, Maciel sempre se gabou de sua participação na guerrilha. “Tenho imenso orgulho de ter participado dessa luta, por ter agido positivamente para evitar que os guerrilheiros do PCdoB implantassem no país um regime comunista igual ao de Cuba, com paredão e tudo”, declarou ele, no mesmo discurso de 2005.
Em 2010, voltou a confirmar os assassinatos e prisões em depoimento à Justiça. Entretanto, disse que os guerrilheiros foram mortos em combate e se eximiu da culpa pelo desaparecimento de Divino que, segundo ele, foi devidamente entregue à base militar. Pelo menos duas testemunhas rechaçam a tese: o militar José Vargas Jimenez, que escreveu um livro sobre a repressão à guerrilha e depois confirmou as informações em depoimento oficial às autoridades brasileiras, e Manoel Leal Lima, o Vanu, que servia de guia para o grupo de militares durante a emboscada. Ambos ressaltam que os militares armaram uma emboscada para os militantes. E, ainda, que Divino foi submetido à grande tortura.
- Nessa etapa houve o deliberado e definitivo abandono do sistema normativo vigente, pois decidiu-se claramente pela adoção sistemática de medidas ilegais e violentas, promovendo-se então o sequestro ou a execução sumária dos militantes. Não há notícias de sequer um militante que, privado da liberdade pelas Forças Armadas durante a Operação Marajoara, tenha sido encontrado livre posteriormente – esclarece a denúncia do MPF.
Memória
Ω:èDivino nasceu em Goiânia, em 1942, e, em 1961, se tornou membro da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Em 1966, deixou o país, retornando um ano depois para viver na clandestinidade, na região do Brejo Grande, próximo ao Rio Araguaia. Foi nesta época que, atuando como agricultor e comerciante, passou a ser conhecido como Nunes.
Sua irmã, Terezinha Souza Amorim, afirma que a família jamais deixou de buscar a verdade sobre o que aconteceu, sem sucesso. “Em 2004, minha mãe faleceu sem ter obtido informações do Estado brasileiro sobre o que aconteceu com o Divino, após lutar até o fim da vida para o encontrar. Hoje, a minha luta e de outros familiares de mortos e desaparecidos é para que a sociedade conheça a verdadeira história, para que o estado nos esclareça o que aconteceu com nossos entes queridos e para que os responsáveis por todos esses anos de angústia e desespero sejam responsabilizados”, esclarece.
Justiça
Ω:èLício Maciel é o terceiro militar denunciado por crimes de lesa-humanidade cometidos durante a ditadura. O primeiro foi justamente o seu parceiro de combate à guerrilha do Araguaia, Sebastião Curió Rodrigues, o Major Curió. A ação foi recusada pela primeira instância, mas o MPF recorreu e aguarda decisão. O segundo é o ex-diretor do DOI/CODI, coronel Brilhante Ustra.
A denúncia contra Lício Maciel foi distribuída para a 2ª Vara Federal do Pará e, desde 19 de julho, aguarda decisão da juíza Nair Pimenta de Castro.

domingo, 22 de julho de 2012

A ZONA DO EURO INICIA-SE EM PANICO


Espanha: o palanque da esquerda grega

Se a banca está com trombose e o dinheiro não circula o capitalismo gangrena. Isso não é estático: os problemas se agravam. Chega-se ao ponto em os bancos não são mais capazes nem mesmo de se autofinanciar. 

O desastre espanhol mostra que uma parte da banca do euro já atingiu essa fase da doença. Bancos micados com carteiras imobiliárias em processo de depreciação, ou abarrotados de títulos de governos asfixiados na própria corda ortodoxa-- que se privam de receita fiscal para reerguer a economia-- não conseguem honrar seus compromissos. Seus balanços desenham uma cruz mortal: os ativos se desvalorizam; os passivos não; o custo de captação sobe na proporção da desconfiança que inspiram nos mercados.
Nos últimos nove meses mais de 200 bilhões de euros fugiram da Espanha; desse total, 66 bilhões evadiram-se em março. Foi a continuidade dessa hemorragia que impôs uma transfusão de 100 bilhões de euros neste sábado para salvar o sistema bancário espanhol. 
A desconfiança é uma doença que não se cura com ataduras. Ao contrário dos neoliberais ingênuos, os mercados desde 2008 só enxergam um garantidor de última instância a quem confiar a sua riqueza: o Estado. Por isso preferem migrar da Espanha que paga juro de 6% ao ano para os títulos dos EUA, que oferecem retorno negativo: 1,4% ao ano para uma inflaçao da ordem de 2%.
A estrutura do euro desfibrou os Estados nacionais como a direita brasileira gostaria de ter feito aqui se Lula e o PT não tivessem atrapalhado desde 2002. Mas a UE não deu às economias associadas a contrapartida de uma união fiscal e bancária que propiciasse aos depósitos, em qualquer agência européia, a mesma garantia de cobertura de uma autoridade comum. 

A direita espanhola, assim como a grega, a portuguesa etc, imaginou compensar essa deficiência oferecendo a carne viva dos seus trabalhadores aos mercados. Tentou comprar confiança com recessão e escalpos trabalhistas. A receita levou a uma espiral descedente:empresas não contratam, o Estado não arrecada nem investe, os trabalhadores não recebem e não compram. O desemprego espanhol atinge 1/4 da população economicamente ativa; é superior a 50% entre a juventude. A direita espanhola fez tudo o que a ortodoxia manda. E deu errado.
 

O socorro deste sábado é a confissão tácita de que o modelo esgotou. Como convencer os gregos a sancioná-lo nas urnas do próximo domingo?
 
fonte: Carta Maior

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Voto Secreto

Acompanhei, “pari passu”, o processo de votação do Projeto de Resolução 22/2012 em (11/07) — perda de mandato de Demóstenes Torres.  De Sêneca, pela mulher de Cesar, ao Padre Antonio Vieira, foi moída sua personalidade na moenda da justiça / decoro / moralidade parlamentar. Fatos contra adjetivação clamou o acusado.


A moenda do senado com 56 dos 81 dentes moeram Demóstenes. Não houve cuidado com a coação — 19 queriam-no a salvo — registrou-se 05 ignóbeis abstenções. Haveremos de sabê-las—vergonhosas ou a serviço da Pátria.  Não se registraram "vivas" nem "hurras". Um silêncio sepulcral pela carne dilacerada do tecido político nacional pela corrupção. 

Haveremos de concluir pela PEC eliminando o preceito de voto secreto em caso de cassação de parlamentar. Enquanto prevalecer a constituição neste item, a votação continuará secreta. Resta-nos a "pressão" sobre os parlamentares para esta mudança que se faz necessária.

Senadores pronunciaram-se e, dentre eles, pasmem, Capiberibe numa análise entre impunidade e a imunidade ao que somo o poder e o podre. Entre os dois primeiros a simples supressão da letra ( p ) e dos últimos a simples troca de lugares dos ( r, e ). Vê-se que se equivalem dois a dois.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Voto Secreto - depende de uma PEC


Voto Secreto

Acompanhei, “pari passu”, o processo de votação do Projeto de Resolução 22/2012 em (11/07) — perda de mandato de Demóstenes Torres.  De Sêneca, pela mulher de Cesar, ao Padre Antonio Vieira, foi moída sua personalidade na moenda da justiça / decoro / moralidade parlamentar. Fatos contra adjetivação clamou o acusado.


A moenda do senado com 56 dos 81 dentes moeram Demóstenes. Não houve cuidado com a coação — 19 queriam-no a salvo — registrou-se 05 ignóbeis abstenções. Haveremos de sabê-las—vergonhosas ou a serviço da Pátria.  Não se registraram "vivas" nem "hurras". Um silêncio sepulcral pela carne dilacerada do tecido político nacional pela corrupção. 

Haveremos de concluir pela PEC eliminando o preceito de voto secreto em caso de cassação de parlamentar. Enquanto prevalecer a constituição neste item, a votação continuará secreta. Resta-nos a "pressão" sobre os parlamentares para esta mudança que se faz necessária.

Senadores pronunciaram-se e, dentre eles, pasmem, Capiberibe numa análise entre impunidade e a imunidade ao que somo o poder e o podre. Entre os dois primeiros a simples supressão da letra ( p ) e dos últimos a simples troca de lugares dos ( r, e ). Vê-se que se equivalem dois a dois.

Aberta a temporada de caça ao PT


Aberta a temporada de caça ao PT

A propaganda eleitoral está liberada desde o dia 7 de julho. Para a fatia majoritária da população, a campanha municipal de 2012 começa agora. Para os partidos e lideranças, a caminhada vem de antes, desde as refregas na escolha dos candidatos, passando pelas disputas e as sinalizações das alianças, à luta pelo tempo no horário eleitoral gratuito a TV. Nenhuma das decisões se esgota em si mesma. A lógica do poder é espiralada, para acima e para baixo. 



Uma vitória catalisa as forças do passo seguinte; a derrota aleija e descredencia. O dispositivo midiático conservador arma-se com a faca nos dentes. Sem tempo de TV para afrontar o tsunami do jornalismo isento, nada feito.  O poder midiático acaba de reafirmar seu peso nas eleições presidenciais mexicanas, constituindo-se em fator decisivo à volta do PRI ao poder. A ação da Televisa --a Globo local- contra López Obrador foi tão inescrupulosa que gerou a maior surpresa do processo eleitoral: o movimento YoSoy132, uma iniciativa estudantil que combinou a força da rede e a da rua, afrontou o poder da Televisa ao criar canais alternativos de debate.  


A disputa pela prefeitura de São Paulo, um dos quatro maiores orçamentos do país, decide o futuro político de José Serra e o de sua ala no PSDB, minguante inclusive em São Paulo: se vencer, o tucano ganha músculos para uma nova tentativa de chegar à Presidência em 2014. Depois de duas derrotas presidenciais para o PT, se perder no próprio ninho, o ex-governador deslizará para uma aposentadoria humilhante, com provável dissolução de sua influencia partidária na própria cidade que pretende usar como trampolim eleitoral pela segunda vez.  Não são poucos os tucanos que torcem por esse fracasso. 


A votação de Serra na convenção partidária em março foi o sinal eloquente de uma liderança cada vez mais afeita a dividir do que a somar: esperava-se uma consagração com 80% dos votos; o esquálida apoio de 52% dos delegados soou mais como um aviso prévio do que um cheque em branco; o perfil arestoso e desgastado do político cuja principal vitrine é o elitismo e a cizânia não encontra mais braços dispostos a carregá-lo com entusiasmo. É um flanco de partida oneroso.  Para o PT a eleição de São Paulo empilha travessias e simbolismos igualmente desafiadores. O partido decidiu cravar aqui um alicerce de renovação audacioso ao optar pelo lançamento de Fernando Haddad, em detrimento de Marta Suplicy. 


O novo ciclo foi bancado por Lula que fará de São Paulo a moldura de sua volta à política da rua, dispondo-se a jogar nela o cacife de maior cabo eleitoral de hoje e de 2014. Os números evidenciam o peso que o escrutínio paulista assume na vida dos partidos e da política nacional: a campanha de Serra prevê gastos de até R$ 98 milhões; a de Haddad, R$ 90 milhões. Ambos praticamente se equiparam no tempo do horário eleitoral gratuito: 7mi 46 e 7 mi 34, respectivamente.  Fator decisivo na campanha de um candidato desconhecido, a luta pelos segundos da propaganda gratuita descarregou nos ombros do PT seu ônus de largada: o partido terá que explicar ao eleitor de classe média, justamente o alvo da estratégia de renovação, a aliança com Paulo Maluf [referência de tudo aquilo contra o qual se bateu desde a fundação]. 


O pragmatismo será melhor tolerado se Haddad firmar-se no imaginário da população como o portador de propostas ao mesmo tempo inovadoras e críveis, que devolvam a confiança numa prefeitura realmente disposta a ser o comando de uma cidade a favor da cidadania.E não a mera extensão burocrática do poder do dinheiro como tem sido, com requinte, sob a administração do codomínio Serra/Kassab. Difícil numa metrópole capitalista como São Paulo? E o que dizer de uma metrópole quase tão grande quanto e ainda por cima vizinha do império americano? A esquerda comanda a Cidade do México desde 1997. E o faz com resultados tão encorajadores que acaba de ser vitoriosa para mais um mandato, com uma vantagem de 44 pontos sobre a direita local. Claro que não será fácil para Haddad e para o PT. Serra não une nem o PSDB, mas sabotar a reeleição de Dilma, em 2014, interessa a todas as facções do conservadorismo que sabem a importância de vencer em São Paulo. A mídia jogará seu peso desequilibrador nesse objetivo com duas alavancas: a cobertura tóxica do julgamento do mensalão e a intriga para estilhaçar a frente progressista, da qual depende a continuidade do governo Dilma, em 2014. 
Fonte: Carta Maior