domingo, 8 de março de 2020


Ana Paula Bogdan

Quando a mulher pediu e lutou por mais direitos, ela ganhou!!! Ganhou mais deveres. Ao pedir para ter voz, ela passou a frequentar tribunais, mas nunca deixou de frequentar sua cozinha.
 
Ainda que nunca tenha aberto um fogão, em casas que tem mulheres, é ela em quase cem por cento das vezes, que providência ou o que, ou quem vai cozinhar. Assim como com o direito adquirido de trabalhar onde quer que fosse, ela nunca deixou de trabalhar em casa, levar os filhos para a escola, cuidar dos bichinhos de estimação. Ainda que tenha a ajuda de uma funcionária do lar, é ela na maioria das vezes que compra os produtos de limpeza, coordena a faxina, verifica o que falta nos armários, guarda as roupas que alguém passar.
 
Porque ao adquirir direitos, continuou cuidando de tudo como fazia antes, já que ninguém trocou função com ela. Continua menstruando alguns dias no mês e até hoje não tem nenhum direito de sangrar e sentir suas cólicas em casa, porque tem que estar lá, marcando território para não perder o espaço que custou tanto a conquistar. Sim! Nós ganhamos espaço, não direitos. Porque os direitos são humanos e deveriam ser nossos desde sempre. Acumulamos funções e pouca gente se toca disso. Além de muitas contas para pagar!!!
 
Então, no “dia das mulheres”, saibam que ainda temos muito a conquistar! Não romantizem um dia que custou vidas e muito suor para chegar, mas lembrem-se que mulheres ainda morrem todos os dias porque o que existe conquistado nos papéis ainda não está na consciência, nem nos corações de muitos dos homens que não entendem nada de mulher!
 
Flores e chocolates não valem nada sem respeito e, se ainda há algo que falta muito para chegar, é o dia que não precisemos mais ter um dia desses para lembrar! Maldito “bendito sutiã”! Que combina com cidadã, que combina com amanhã! Ainda estamos na luta.
Alfio Bogdan - Físico e Professor 

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