Meu pé de abieiro.
Minha Bahia é
pródiga em seres geniais. Cumpre ressaltar que sou avesso ao uso de tal
adjetivo. Uso irracional, é claro. Hoje qualquer Robinho da vida é, ou foi
chamado de gênio. Gênio do futebol (do futebol!) só conheci um, Ele, como dizia
Mario Morais e não tantos imbecis, exploradores do “esporte bretão”
(Arrrggghhh!!!). Os demais são japoneses, também de Mario Morais. Geniais são
aqueles que superam, e muito, os demais, em sua área de atuação. Assim foram
geniais Camões em literatura, Bach em música e, por que não Jorge Amado, baiano
arretado em Literatura! Ele e seus palavrões “geniais”! D. Sinhá, minha mãe,
adorava um palavrão! Eu filho de quem sou, também “me amarro” em palavrões.
Quando crianças, nós quatro éramos proibidos de falar “bobagens”. Merda, para
nós era “aquela bobice”! E se um “dedava” o que a pronunciasse, este levava um
beliscão por falar e o outro, também, pela denúncia, com um “e, tu também!” Mas
essa “autoridade” foi sendo amansada com o tempo. Tininha, muito astuta disse
após um beliscão: ”por que vocês podem e se divertem falando
palavrões nas reuniões noturnas e nós, não?” Quando D. Sinhá perdia o rebolado apelava, sempre, para um: “vá perguntar pro seu pai!” Essa artimanha funcionou por muito tempo. Qualquer dia conto direito
como se passou! Mas falava de Jorge Amado...! Li “Tieta do Agreste” há mais de
quarenta anos! PQP! Nunca mais me esqueci de uma frase: Um circunstante ao
vê-la passar exclama, filosoficamente, “Que belo pé de buceteira”! Perceberam o português castiço? Fora um
“polista” o circunstante não usaria o sufixo eira! Paulista diz um pé de café,
não um pé de cafeeiro como o baiano. Um pé, significa uma unidade, uma planta,
não um fruto! Por isso mesmo o título: Meu pé de abieiro! Entendam, o
brasileiro do “Sul Maravilha” (Que viva Henfil!!), não pode ser considerado
errado, visto que a
planta que produz uma fruta pode, também, ser conhecida pelo nome do que produz. Algodão, fruto do algodoeiro também pode designar
a planta que o produz. Veja, querido leitor quanta poesia pode advir de uma
frase genial: Que
belo pé de...! Ainda vou escrever sobre palavras
sonoras! Meu pé de abieiro tem cerca de seis ou sete anos. Só produziu ramos e
folhas. Em abundância! Um dia sim, um dia não irrigo o quintal. Hoje,
observando de perto o abieiro vi que está “abotoando”! Logo serão flores e
frutos! Isso é muito prazeroso!
De Porto Seguro,
BA, em 20/10/2020. Jairo Teixeira Mendes Abrahão Professor Titular da
ESALQ-USP.
Alfio Bogdan - Físico e Professor - análises periciais.
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