De Leonardo Attuch,
aconteceu comigo. Eram
6h da manhã, da última quinta-feira, quando agentes da Polícia Federal bateram à
minha porta. A sensação não é agradável, mas, a pedido dos editores de Istoé e
em respeito a seus leitores, faço este breve relato.
Como muitos sabem, além desta coluna, também mantenho atividade
empresarial própria, à frente da Editora 247, que edita o site de notícias
Brasil 247. E foi para esclarecer a natureza de um único contrato da Editora
que recebi a visita dos agentes federais naquela manhã.
O que posso dizer a quem já passou ou pode vir a passar por esse
tipo de experiência é que qualquer sensação de insegurança rapidamente se
desfaz diante do profissionalismo dos agentes que atuam nessas operações. É
preciso reconhecer o preparo psicológico dos homens e mulheres que participam
dessas ações – e se nosso caso vale como regra geral, demonstram respeito pelos
cidadãos que visitam e por suas famílias.
Nos meios de comunicação, a tentação inicial, que geralmente
ocorre quando “alvos" são profissionais de imprensa, é sempre denunciar
perseguições políticas e atentados à liberdade de expressão – o que nunca deve
ser descartado. No entanto, embora seja grato aos que se solidarizaram e
apontaram cerceamento da atividade jornalística, quero acreditar que não foi
isso o que ocorreu no nosso caso específico. Havia questionamentos sobre um
contrato, as autoridades exerceram seu legítimo direito de investigá-lo e cabe,
a nós, esclarecer todas as dúvidas – o que, diga-se de passagem, já desejávamos
fazer há muito tempo. Além disso, a busca ficou restrita ao foco da
investigação, sem caracterizar, ao menos por ora, nenhuma devassa sobre a
atividade de imprensa ou nossa relação com fontes, clientes ou fornecedores.
Sempre se deve argumentar que teria sido muito mais adequado
prestar depoimentos com data e hora marcada, para que não sejam violadas
prerrogativas constitucionais. No entanto, na nova dinâmica das investigações,
tudo acontece de uma vez, e de madrugada, diante da presunção, a meu ver nem
sempre verdadeira, de que os “alvos” se conhecem e se comunicam entre si.
Goste-se ou não, essa é a realidade. Há uma nova ordem no Brasil e todos os
empresários, grandes ou pequenos, terão que se adaptar a ela.
Alfio Bogdan – Físico e
Professor
"Há uma nova ordem no Brasil...." Há mesmo: os golpistas mandam e quem tiver juízo, obedece.
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