sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Inevitável rediscutir Lei da Anistia?


Pedro Dallari afirmou que o tema ainda está em aberto e que revelações no relatório final da comissão vão provocar revisão da lei
EVANDRO ÉBOLI  Publicado:29/11/13

BRASÍLIA - siDefensor da punição para agentes do Estado que cometeram violações na ditadura, o jurista Pedro Dallari, coordenador da Comissão Nacional da Verdade, afirmou na tarde desta sexta-feira que será inevitável a rediscussão da Lei de Anistia. Em evento sobre os arquivos do Poder Judiciário, Dallari disse que as revelações que serão feitas no relatório final da comissão, em 2014, vão provocar o debate sobre a revisão da lei.

si- A Lei de Anistia é um tema delicado. Tenho uma opinião pessoal sobre. A Comissão da Verdade não tem papel jurisdicional. Ela identifica os fatos e os contextualiza. Também estamos identificando autorias. Não passamos daí. Não apuramos responsabilidade. Envolve ampla defesa, contraditório. Ocorreu muita monstruosidade. Será inevitável a rediscussão da Lei de Anistia, por conta desse trabalho - disse Pedro Dallari, no evento no STJ.
- Os dados que dispomos demonstram as graves violações de direitos humanos praticadas naquele período. A discussão sobre a Lei de Anistia se deu em todos os países
- Na medida que o relatório revela que os dados que dispomos são evidentes no sentido de demonstrar um quadro muito grave de violações de direitos humanos é natural essa discussão na sociedade. Em todos os países da América Latina houve esse processo.
siPedro Dallari acredita que haverá um cenário favorável à discussão da revisão da lei, inclusive pelo fato de 2014 ser aniversário de 50 anos do golpe militar. Foi perguntado a ele se a declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter demonstrado simpatia pela revisão da lei e o fato de o assunto não estar esgotado no STF podem impulsionar esse debate.

si- Sem dúvida nenhuma. O simples fato de o procurador-geral da República (Rodrigo Janot) trazer o assunto à discussão mostra que o assunto está em aberto na sociedade. E será o ano que se completará 50 anos do golpe. Naturalmente a sociedade irá refletir sobre isso.


siO novo coordenador da Comissão da Verdade revelou qual será o formato do relatório final do grupo, a ser apresentado em 2014, no final dos trabalhos. —>O texto final será dividido em seis partes, assim divididos: a primeira será a descrição do trabalho e conceitos; quatro partes serão dedicadas a relação das estruturas comprometidas com graves violações de direitos humanos, estruturas físicas onde se deram; identificação das práticas, métodos de torturas, desaparecimento, mortes e prisões; identificação das vítimas e dos agentes do Estado que cometeram esses atos; como o assunto foi tratado na imprensa,no Legislativo, no Judiciário; e, a parte final, com conclusões e recomendações.
alfio bogdan

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