Ayres
Brito disse que finalmente a democracia "resolveu altivamente sair do armário” José
Cruz/Agência Brasil
O
ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto disse hoje
(6/3/17), ao participar de um debate sobre o equilíbrio entre os Três Poderes,
promovido pela Federação do Comércio de São Paulo, que a crise política pela
qual o país passa é um processo de “purgação” e aperfeiçoamento da democracia.
“Essa democracia [que], finalmente, não aceita mais escamoteação... [e] que
começa a se dar o respeito. Uma democracia que resolveu altivamente sair do
armário”, destacou.
“Nesse
contexto transicional, a democracia experimenta uma fase de fadiga. Como que
por cansaço democrático, a coletividade experimenta uma desagradável sensação
de torpor, de desorientação. Uma espécie de desalento, de descrédito”, afirmou.
Ele disse que acredita que o processo político atual, com denúncias de
corrupção vindo a público constantemente, é um período de transição importante
para o amadurecimento político do Brasil.
Liberdade
e transparência
Um
dos principais elementos que catalisam essa mudança é, segundo Ayres Britto, a
liberdade de atuação dos veículos de comunicação. “A plenitude de liberdade da
imprensa está desaguando nesse tipo ideal turbinado de cidadania. Tudo vem a lume,
transparência. Estamos excomungando a cultura do bastidor. [É] por isso que a
crise está sendo tão conhecida, tão estudada, debatida, desnudada”, ressaltou .
Para
o ex-ministro, existem ainda resistências dos setores da sociedade que se beneficiavam
da corrupção. “A velha ordem, autoritária, corporativa, corrupta, perdulária de
recursos públicos... é teimosa, malandra, insidiosa, resistente e não joga a
toalha.”
Ayres
Britto ressaltou a importância do julgamento da Ação Penal 470, conhecida como
o processo do mensalão, do qual participou como ministro do STF, para mudar
certas relações na sociedade. “A partir do mensalão, o princípio republicano de
que todos são iguais perante a lei chegou para o direito penal. E moradores do
andar de cima da sociedade passaram a responder por suas malfeitorias vendo o
sol nascer quadrado, inclusive.”
Crise
é internacional
Para
o professor Joaquim Falcão, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getulio
Vargas, o processo pelo qual o Brasil passa faz parte de uma conjuntura internacional.
Para Falcão, o desencanto com o sistema político ocorre em várias nações, e “a
democracia está em risco em todos os países”.
“Todos
com um problema comum, que é a corrupção. A corrupção não é invenção
brasileira”, citou. “Dois candidatos a presidente da França [Marine Le Pen e
François Fillon] são acusados de algum tipo de corrupção. E sabe o que ocorreu?
Eles dizem que vão continuar candidatos. A gente está muito perto de tudo”,
afirmou.
Falcão
disse que é necessário encontrar as raízes das mazelas, em vez de simplesmente
focar em um grupo de culpados. “Se a gente não enfrentar a corrupção do mercado
e das empresas, não vai adiantar nada. O problema não é a corrupção do
político, ou do empresário, ou do candidato. O problema é a relação que se formou
entre os três.”
Alfio Bogdan - Físico e Professor - analista em acidente de trânsito
Fonte: EBC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário