"Temos que assumir um compromisso aqui: vamos educar o Bolsonaro.
Ele precisa ser educado, precisa conhecer o Brasil. Vamos em nossa missão até
que ele aprende alguma coisa", afirmou o ex-prefeito Fernando Haddad (PT)
para um público estimado em 120 mil pessoas na Avenida Paulista, na região
central de São Paulo. Esta é a maior onda de protestos que o governo enfrentou,
após anunciar cortes na educação.
Além dos cortes – de 30% no orçamento das universidades federais –,
Jair Bolsonaro agrediu os que lutam por melhorias no setor. Chegou a chamar os
manifestantes de "idiotas úteis", enquanto seu ministro da pasta,
Abraham Weintraub, disse que as universidades brasileiras "promovem
balbúrdia".
Haddad lamentou a postura do governo. "Precisamos de respeito para
que as pessoas possam estudar em paz e se desenvolverem como cidadãos, membros
da nossa comunidade política. Na hora que ele reunir a informação do que está
acontecendo no Brasil, ele vai ficar muito apavorado. Belo Horizonte está
cheio, Porto Alegre, Campinas, Recife, Fortaleza", disse. Mais de 40
cidades registraram grandes atos.
Dimitri Dimoulis, de 53 anos, foi para a Avenida Paulista com seu filho
Hector, de 15. "Viemos protestar contra o desmonte do pouco que existe na
educação pública. Está na Constituição que a educação é dever do Estado",
disse Dimitri. Seu filho concordou: "Como cidadão, tenho direito de ter
uma boa educação gratuita. Está na lei", disse.
Já a estudante da Universidade de São Paulo (USP) Jade Resende falou
sobre os ataques do governo. "Os cortes na educação afetam muito o país
todo. Para nós, que estamos na universidade pública, é um impacto muito grande.
Estamos lá todo dia e vemos a importância. Sabemos que não é bagunça como o
governo fala. Sabemos que sai muita coisa boa e fundamental par ao país. Esses
cortes, sabemos que são prejudiciais."
Vinícius Araújo, que também estuda na USP, lembrou que, inicialmente,
os cortes foram anunciados em universidades federais, mas acredita que isso
pode mudar, se nada for feito. "Sabemos que anunciaram o corte de 30% das
federais. Tudo que podem cortar. É importante que todos se mobilizem. Mesmo
quem não é das federais vai sofrer com os cortes, porque o projeto é o mesmo. A
mobilização deve ser contínua. É muito bom assumir a frente, lutar sem medo de
nada. Não temos limites e ninguém vai nos parar."
Já Tainá Galvão, universitária e artista, comemorou a presença em massa
de estudantes e trabalhadores. "Muito importante o dia de hoje. Temos que
nos organizar enquanto base, enquanto povo. Temos que fazer isso e muito mais.
Temos que estar juntos como coletivo porque eles têm medo da gente",
afirmou, contando ter conversado com pessoas mais velhas durante a
manifestação. "Nós vamos mudar alguma coisa. No metrô, encontrei com duas
senhoras que disseram que fizeram tanto no tempo delas e elas não acreditam que
estão de novo. Temos que nos unir, largar as redes sociais e vir na carne, para
a rua."
Origem: Rede Brasil Atual
Leia também: https://youtu.be/G4RaEUnROVg
Alfio Bogdan - Físico e Professor -
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