sábado, 11 de junho de 2016

As condenações lá e cá. Na argentina os operadores da CONDOR foram condenados.

†–Em silêncio, semblante cerrado, Miguel Ángel Furci mais parecia uma pessoa só e desamparado na sala do Tribunal Federal, numa friorenta tarde no dia em que Buenos Aires parou, quase parou, para ouvir, ver, acompanhar o julgamento histórico onde os outrora senhores do poder aguardavam o julgamento pelas mortes na violenta ditadura argentina de 1976 a 1983. Não menos feroz que a do Brasil - 1964 a 1985.


†–Miguel Ángel Furci mantinha-se impassível e assim ficou mesmo quando ouviu o juiz ler sua sentença ao pronunciando seu nome e sua pena: †–25 anos de prisão por ter praticado 67 prisões ilegais e 62 denúncias de tortura, na condição de agente civil da SIDE (Secretaria de Inteligência do Estado) órgão da ditadura que controlava a repressão. Naquele dia nenhuma condenação fora superior à de Furci. Outros 17 réus, todos presos, e ausentes do tribunal, para não ouvirem a sentença.

►†Ainda que não compareceram, milhares de argentinos viram e ouviram pela TV e pela Internet a sentença histórica daquele país quase vizinho. O único país das Américas que reconheceu e julgou a mais terrível das perseguições, a “Operação Condor”: Condenados pela primeira vez os militares e agentes de uma organização que espalhou o terror de Estado sem precedentes no mundo. †–Um juízo que escancara as culpas e o cinismo do Brasil. Na década de 1970, as ditaduras de seis países do Cone Sul — Chile, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai e Brasil — se juntaram clandestinamente para perseguir, torturar, matar e fazer desaparecidos os que ousavam se opor aos regimes militares dominantes.


†–Enquanto na Argentina condenava-se o terror – Operação Condor – aqui no Brasil, a lei da anistia anistiava indistintamente os que espalharam o terror e mortes aos sublevados em nome da democracia tão vilipendiada ao se usurpar o governo de Jango.   
Alfio Bogdan - Físico e Professor
Fonte: Carta Maior

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