domingo, 15 de outubro de 2017

Minhas homenagens ao velho Zara, ao Prof. Florestan

Acabo de receber a noticia do falecimento do companheiro Zarattini com quem tive uma longa e grata amizade e laços políticos de luta e combate.
Conheci Zara na troca do embaixador americano quando fomos libertados mas ele já era um revolucionário de longa data fora presidente dá UEE esteve na linha de frente da luta O petróleo é nosso combateu o golpe de 64 preso em 68 torturado fugiu veio para São Paulo preso de novo em abril 69 foi barbaramente torturado de novo agora na cadeira do dragão.
Em Cuba, tive o privilégio de conviver com Zara e aprender com ele sempre buscando saídas para nossa luta Militou no PCB PCBR ALN TENDÊNCIA LENI LISTA Em 74 volta para o Brasil clandestino e reinicia a luta edita jornais e busca a unidade dos revolucionários.
É preso novamente com Dario Canale militante comunista italiano que eu conhecerá na década de 60 na ALN Na Constituinte foi assessor do PT Trabalhou na assessoria do PDT e foi eleito suplente de deputado em 2003 pelo PT.
Assumiu em 2004 e fiz questão de estar presente já que me a impactará como assessor na Casa Civil. No dia de seu aniversário em 2013, fez um ato político em apoio à nos condenados na AP 470. Um desagravo e um chamado a solidariedade.
Esse era o Zara já então o VELHO como o chamávamos com respeito e reverência. Toda uma bela vida dedicada ao Brasil e ao combate ao imperialismo como ele fazia questão de destacar. Sua razão de ser foi a revolução e dedicou todos seus últimos anos meses e dias ao PT.
Eu pessoalmente não tenho palavras para expressar minha gratidão ao Zara, meu amigo e companheiro. Lembro dele em Cuba alegre sempre debatendo, estudando, escrevendo, corajoso, mas humilde.
Zara era um homem charmoso e nos envolvia com seu carinho e amizade. Polêmico, mas sempre buscando a unidade. Já sentia sua falta pela distância, agora honro sua memória continuando sua luta.
Até mais Zara, é o Zé, teu camarada de luta
José Dirceu

Adeus ao Velho Zara
Por Carlos Zarattini
"Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.
Poucas vidas mereceram tão completamente este poema de Brecht, como a de Ricardo Zarattini, que faleceu hoje, em São Paulo, com 82 anos. Até o último momento de lucidez, discutia a situação do país, propunha iniciativas e ações a todos os que o visitavam no hospital.
Entendia profundamente a gravidade do momento do alto da experiência de quase 70 anos de militância pela soberania nacional, participou ativamente como dirigente estudantil da Campanha O Petróleo é Nosso, militou por um País mais justo e pela democracia. Preso pela ditadura militar foi banido e viveu em Cuba. De volta ao Brasil, se envolveu na luta pela reconquista da da democracia e pela anistia. Foi dirigente do Partido Comunista Brasileiro e do MR-8, na década de 80 filia-se ao PT.
Foi deputado federal durante o primeiro governo Lula. Deixa seus filhos, Carlos Alberto Zarattini, deputado federal pelo PT e Mônica Zarattini, fotógrafa, além de três netas e uma legião enorme de companheiros e companheiras que compartilharam de seus ensinamentos, de sua experiência e de sua eterna juventude para com energia lutar por um Brasil soberano e justo para a maioria do seu povo", Vereador Antonio Donato. 
Florestan Fernandes Júnior ao Professor Florestan Fernandes 
No dia dos professores lembro de uma cena em 1987, que me emocionou profundamente. Cerca de 50 mil professores da rede pública estadual realizaram uma assembleia no largo em frente ao estadio do Morumbi. Meu pai chegou por uma das avenidas principais que davam acesso à praça. Uma ladeira totalmente tomada por manifestantes. No carro de som anunciam a chegada dele. A multidão se abre dando espaço para o velho professor Florestan Fernandes passar com sua bengala a frente.
Todos o olham com admiração e respeito. As palmas tomam conta do vale por vários minutos, até que ele, finalmente, sobe no carro de som para falar.
Estava lá como repórter da Globo, olho para meus companheiros jornalistas e fotógrafos que já estão às lágrimas, inclusive eu. Naquele ano meu pai já era deputado constituinte e teria um papel importante na Comissão de Educação enfrentando o lobby poderoso da educação privada comandada entre outros, por João Carlos Di Gênio.
Como deputado, Florestan venceu batalhas importantes em prol da educação pública ao lado dos educadores e parlamentares progressistas. Avanços que abririam caminho para a criação de programas como: Financiamento Estudantil (Fies), Programa Universidade para Todos (ProUni), Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) e, a criação das cotas nas universidades federais em outubro de 2012.
Só para lembrar, o índice de estudantes matriculados no ensino fundamental, de 4 a 17 anos, subiu de 88,9%, em 2003, para 93,6%, em 2016 e, o número de doutores pulou de 7 mil para 17 mil no mesmo período.

Infelizmente os avanços que tivemos na educação pública nos últimos anos estão sendo destruídos pelos golpistas numa rapidez inimaginável. Mais do que nunca é necessário a mobilização de todos na defesa da educação pública de qualidade. Como bem disse Paulo Freire: "a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."

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