“Insisto:
a gente superestima demais a nossa elite golpista. Eles estão assustados. Não
entendem como Lula pode ser assim tão forte. Não aceitam, não toleram, não
codificam. Eles miam de horror com o próprio beco sem saída que construíram
para si, nos raros espasmos de lucidez que lhes acometem o sono (ou: Lula está
nos pesadelos dessa gente, com um assustador tesão de 20).
Nós temos que
ir para cima. Em todos os sentidos: retóricos, políticos, físicos e teatrais.
Um adversário com medo é uma grande delícia. Eles
tremem, cometem um erro depois do outro, hesitam, fogem.
Eu fico louco
quando leio besteiras do tipo: "a esquerda está cometendo
erros",
"a esquerda tem que se unir",
" a esquerda tem que fazer uma autocrítica".
Francamente. Parece comentário
de frustração conjugal. É puro ressentimento.
A
hora é de luta. Fazer reflexão política a essa altura do campeonato? Faça o
favor. A reflexão é bem-vinda se tiver um mínimo de coragem e dicção atrevida.
Se parar para pensar, até na luta discursiva, o inimigo lhe crava a adaga.
Tem
também que identificar o inimigo com maior precisão. Quem é o inimigo agora? A
esquerda que tem que fazer autocrítica? A política liberal de Dilma Rousseff?
Por favor. Isso é suicídio.
O
inimigo - que não é mais um 'adversário', mas um 'inimigo' na acepção máxima da
palavra - precisa ser identificado e as nossas energias precisam estar todas
concentradas em seu sufocamento, sem trégua, sem piedade.
Luta política de verdade é isso, não é esse biscoitinho civilizatório
que o poder instituído sempre quer impor para livrar a própria cara. O inimigo
é o PSDB. O inimigo é Temer. O inimigo é esse poder judiciário nojento e
partidarizado que vem provocando mortes no país com sua omissão escandalosa.
A tinta vermelha jogada hoje no STF é essa luta digna, que não se
intimida com regras de etiqueta social propaladas pelos guardiões da violência
controlada e institucional. É o sangue transfigurado que esfrega na cara e no
chão do STF o quão covardes eles têm sido.
Esse inimigos mesquinhos e medíocres estão morrendo de medo. O medo
fica evidente quando eles falam, quando eles dão entrevistas, negando,
negaciando, mastigando as palavras e os sentidos. Basta dessa mediocridade.
O combate frontal com os agentes do golpe precisa ser organizado em
nossos espíritos. A verdade lateja em nossos sentidos. Os exemplos de coragem
pulsam no martírio do crime praticado contra o país.
"Uma Dilma soberana, enfrentando seus algozes, saindo de pé e favorita a
voltar consagrada ao congresso, como uma guerreira mítica"?
Quem tem uma narrativa assim para chamar de sua?
Nós. Nós temos. Nós temos essa narrativa e muitas outras mais. Nós não
podemos nos subestimar a nós mesmos. Nós não podemos superestimar esse 'outro'
covarde e golpista que não dá um passo sem portar o medo aterrorizante do
desmascaramento e da vergonha.
A luta política não se faz pedindo licença.”
alfio bogdan - Físico e Professor
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