“Fake news”
– plantada – de “Lula no Tribunal da Haia”: Golpe está passeando na Europa?
Romulus Maya | 30 de julho de 2018
- Como
não acreditamos em coincidências “fortuitas” numa guerra, ainda mais tão
precisas como no caso presente, acreditamos que as seguidas perguntas dos
espectadores nas últimas semanas sobre uma suposta iniciativa de levar o
caso Lula a um tal “tribunal na Haia” tenham tudo a ver com a casca de
banana que foi jogada para que HispanTV e TeleSur escorregassem e dessem
essa enorme barriga.
- Quem
terá plantado essa “informação”, falsa, nesses veículos, tão importantes e
atuantes na desmoralização internacional do Golpe no Brasil?
- Quais
os seus objetivos?
- O
Duplo Expresso traz as hipóteses.
Militantes têm, nas
últimas semanas, comentado e compartilhado em seus grupos virtuais conteúdos
relacionados à (suposta) possibilidade de levar o caso de Lula a “cortes
internacionais”. Mais precisamente, a um tal “tribunal da Haia”. Leigos em sua
maioria, não compreendem bem o que esse termo denota.
Existem
diversos tribunais internacionais na Haia. A cidade é, inclusive, chamada por
muitos de “capital jurídica do mundo” – expressão
cunhada pelo ex-Secretário Geral da ONU Boutros Boutros Ghali. Há, na
cidade, várias instituições que têm o Direito por objeto. Públicas, privadas e
também “internacionais” (intergovernamentais). Seja no campo da pesquisa
acadêmica, seja no da solução de controvérsias. Portanto, quando alguém fala
“Haia” é preciso saber a que instituição essa pessoa se refere. Mesmo quando se
fala em “tribunal da Haia” não se sabe exatamente a qual órgão de solução de
controvérsias se faz referência, posto que há mais de um na cidade.
Exatamente
por essa razão, a própria Wikipedia apresenta um diretório para a “desambiguação” do
termo “tribunal da Haia” (ou “tribunal mundial”), elencando as possíveis
referências.
“tribunal
(com minúscula) da Haia” Em geral, quando se fala em “Tribunal (com
maiúscula) da Haia” nos meios jurídicos, a referência é à Corte Internacional
de Justiça (CIJ). Mais uma vez socorro-me na Wikipedia:
A
Corte Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário da Organização
das Nações Unidas (ONU). Tem sede na Haia, nos Países Baixos. Por isso, também
costuma ser denominada como Corte da Haia ou Tribunal da Haia. Sua sede é o
Palácio da Paz.
Foi
instituído pelo artigo 92 da Carta das Nações Unidas:
“Artigo
92. A Corte Internacional de Justiça será o principal órgão judiciário das
Nações Unidas. Funcionará de acordo com o Estatuto anexo, que é baseado no
Estatuto da Corte Permanente de Justiça Internacional e faz parte integrante da
presente Carta.”
Sua
principal função é resolver conflitos jurídicos a ele submetidos por
Estados e emitir pareceres sobre questões jurídicas apresentadas ordinariamente
pela Assembleia Geral das Nações Unidas ou pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas.
Extraordinariamente,
poderão solicitar parecer consultivo órgãos e agências especializadas
autorizados pela Assembleia Geral da ONU, desde que as questões submetidas
estejam dentro de sua esfera de atividade (artigo 96, inciso II do Estatuto da
Corte Internacional de Justiça).
A
leitura da sequência do mesmo verbete já elucida outra possível denotação do
termo “tribunal (com minúscula) da Haia”. Ou seja, a sua antecessora, a Corte
Permanente de Justiça Internacional:
Foi
fundado em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, em substituição à Corte
Permanente de Justiça Internacional, instaurada pela Liga das Nações.
– Mas
e aí?
– O
caso Lula pode ser levado à Corte Internacional de Justiça?
Evidente
que não. Lula é grande mas não é um país!
Como
dito acima, cumpre à CIJ “resolver conflitos jurídicos a ele submetidos por
Estados”. Exemplos abundam. Inclusive recentes e próximos, como as disputas
territoriais entre Chile
e Peru e entre Colômbia
e Nicarágua, ou a disputa
entre Uruguai e Argentina no
caso das fábricas (poluentes) de celulose (“las papeleras”) no Rio da Prata. Há
ainda caso célebre que já mencionei no programa Duplo Expresso mais de uma vez,
o “Caso
Avena”, em que o México
conseguiu obter a condenação dos EUA pela violação da Convenção de Viena de
Relações Consulares por não garantir aos mexicanos presos nos EUA a visita de
seus cônsules, conforme prevê o tratado.
Alfio Bogdan - Físico e Professor.
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