terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Face a Face


Jornalista do Correio do Povo de Porto Alegre se destaca por não ter comportamento servil da maioria dos jornalistas da grande imprensa! O eleitor que votou contra o PT, se possuir honra e caráter, deve ler - sem preconceito - a realidade que se apresenta nesses tempos onde se prepara a venda do Brasil ao sistema financeiro internacional. . .Arthur Peres

Por Juremir Machado da Silva
Face a Face/

Começa uma nova era
E assim se prepara o começo do governo Jair Bolsonaro, eleito em nome do novo na política, do combate à corrupção e do fim dos conchavos:  

1) O chamado ministério técnico, sem ideologia, tem três ministros do velho DEM, que um dia foi ARENA, o partido da ditadura, o esteio do regime que há 50 baixou o infame AI-5 e atolou o Brasil no escuro.
2) Seis ministros têm de explicar alguma coisa à justiça: Onyx Lorenzoni enfrenta mais uma acusação de Caixa 2. Paulo Guedes é objeto de inquérito por gestão irregular de fundos de investimento. Teresa Cristina lida com cinco ações por rolos com fundos agropecuários. Luiz Mandetta é suspeito de fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois. Os três ministros do DEM juntos podem pedir música no Fantástico ou é o DEM que tem esse direito? Marcelo Álvaro Antônio responde a uma ação criminal por causa de um terreno. Já Ricardo de Aquino Salles é réu de ação civil pública ambiental e de improbidade administrativa. Augusto Heleno foi condenado pelo TCU por assinatura de convênios ilegais. Marcos Pontes, o astronauta com a cabeça na lua, que se aposentou na idade provecta de 43 anos, foi investigado por suspeita de ser dono, ainda na ativa, de uma loja especializada em vender produtos Marcos Pontes. Prescreveu. Só ficou essa nota de rodapé.
E assim se prepara o começo de uma nova era. O juiz Sergio Moro, antes tão lógico e pronto a ligar fios para condenar sem o aborrecimento das velhas provas materiais, vistas como subterfúgios para facilitar a impunidade, agora se contenta com pouco e dá por esclarecido o que permanece absolutamente sombrio, obscuro e suspeito.
Vejamos:
– Um motorista e policial que recebe R$ 23 mil por mês somando seus dois salários movimenta um milhão e duzentos na sua conta bancária;
– Ele saca logo depois, às vezes no mesmo dia, de receber depósitos;
– Ele recebe depósitos de oito funcionários do seu chefe;
– O seu chefe é deputado no Rio de Janeiro;
– Os depósitos dos funcionários coincidem com o dia de recebimento de seus salários pagos pelos impostos dos esfalfados cariocas;
– O motorista recebe e saca, às vezes em mais de uma agência;
– Um cheque dele vai parar na conta da esposa do novo presidente da República, que diz ser o ressarcimento de um empréstimo feito. Sérgio Moro aceita a explicação como um esclarecimento suficiente. Não tem mais powerpoint. Não tem mais teoria do domínio do fato. Nada mais. O presidente diz que o cheque foi para a conta da mulher por ele não ter tempo de sair. Mas todo dia tem imagem dele indo ao caixa eletrônico.
– Quem se espanta, pergunta: por que o motorista se esconde? Por que o deputado, filho do presidente, que falou com o motorista, não diz onde ele está? Por que um sujeito que movimentou um milhão na sua conta precisava de um empréstimo de 40 mil? Por que funcionários do seu chefe depositavam na sua conta quantias em dias de recebimento de salário? Pode se suspeitar de uma caixinha? Seria apropriação de parte dos salários dos funcionários pagos com dinheiro público? Por que Bolsonaro não declarou o empréstimo ao Imposto de Renda? Por que Bolsonaro não mostra logo os extratos das transferências para o motorista? Por que o motorista e a filha se demitiram um dia antes de começar a operação que colocaria fogo no circo e os deixaria na lona? O que se diria se o motorista do filho deputado de, digamos, Lula movimentasse uma conta milionária e depositasse um cheque na conta de Dona Marisa? 

Pode ser tudo legal. Não cabe prejulgar. Pode ser que o motorista coletasse fundos para uma cesta de Natal ou para ajudar os amigos a gerir o próprio dinheiro. Por que não? O que chama a atenção é a falta de pressa em resolver, a indulgência dos antes incansáveis críticos de atos estranhos ou suspeitos, as evasivas, os chiliques, a enrolação.
E assim se prepara um novo tempo:
– O general Augusto Heleno acha que o presidente não será atingido pois “o que apareceu dele é irrisório, uma quantia pequena, e ele mesmo já explicou”. Novo paradigma? A partir de que valor passa a atingir?
Assim começa a grande reforma, o choque de gestão.
– Promete-se reduzir os ministérios de 29 para 15. A conta fecha em 22. Para reduzir o número de pastas, sem real economia, misturam-se alhos e bugalhos. Um ministério cuidará de bolsa família, arte, quadras de esportes, drogas e cidadania. Os inimigos do novo governo são o IBAMA, a ONU, os gays e os professores acusados de ideologização.
E assim se prepara a transição: por ideologia, muita ideologia, condena-se o Mais Médicos com profissionais cubanos. Promete-se resolver a situação com médicos brasileiros, que existem, mas continuam não querendo ir para os lugares mais distantes e precários.
E assim surge o sol: funcionário de filho do novo presidente passou 240 dias no exterior recebendo salário do contribuinte brasileiro. Não confundir com mamata, teta ou privilégio. Era certamente necessidade.
Estaria disseminando o bolsonarismo em Portugal?
E assim anda a carruagem dos velhos tempos.
Polícia Federal pediu ação contra Aécio Neves 45 dias antes das eleições. PGR não teve tempo de enviar ofício ao STF. O tucano se reelegeu. Nuns casos, velocidade da luz. Noutros, passo de cágado.
La nave va.
Fim de ano, cobranças menores. A corrupção passou. Todas essas coisas são mesquinhas. O importante é que o Bolsonaro é anticomunista, nunca mais teremos Foro de São Paulo e não nos tornaremos uma Venezuela. Seremos o Chile de Pinochet sem o Estádio nacional, mas, se prevalecer o ideal do governador do Rio de Janeiro, “atirando na cabecinha”. Além disso, todo cuidado é pouco ou o PT volta. O trabalho será regime, segundo o ideal de Bolsonaro, pela informalidade. Estuda-se demitir funcionário público. A reforma da Previdência nos fará trabalhar até morrer pelo bem dos nossos ricos. 
Numa demonstração de que não tem preconceitos, Bolsonaro declarou sobre imigração: “Não podemos admitir deixar chegar gente de uma determinada cultura e quererem se casar com nossas filhas e netas de 10, 11 ou 12 anos de idade. Porque isso é cultura deles”. Que homem?
Ele está disposto a pagar por erros se houver. 
Quanto? Com o mandato?
Claro que ele vai explicar tudo. Ônix garante. Fora disso só há maledicência, choro de comunista, fofoca. Sérgio Moro garante.
O novo tempo se mostra alvissareiro.

Como diria o folclórico Eymael: sinais, fortes sinais!
Alfio Bogdan - Físico e Professor - Analista em acidente de trânsito. 

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