quinta-feira, 30 de novembro de 2017

a verdadeira História.


"O golpe de 1964 foi planejado por muitos, tomado o cuidado de deixar-se à conta dos militares a façanha inglória. Mas o golpe foi político, tramado com a orientação e o financiamento das elites nacionais. A partir do momento em que a conspiração tomou corpo, foi necessário criar novos instrumentos, montando-se um esquema de marketing político. Em 1961 foi criado o IPES – Instituto de Pesquisas Sociais, iniciativa de um grupo de empresários. O IPES elaborou o seu discurso, pretendendo que ele estivesse baseado em dois documentos contemporâneos: a encíclica Mater et Magistra e o programa da “Aliança para o Progresso”. Apresentava-se como agremiação sem cores partidárias, com finalidades educacionais e cívicas, pretendendo defender a democracia, contra os extremos de direita e de esquerda. O IPES mosrava-se defensor de reformas, o que implicou em considerável número de estudos e projetos, que foram preparados com a colaboração de intelectuais e técnicos. Foram assinados convênios com a Pontifícia Universidade Católica, em São Paulo, em Campinas e depois no Rio de Janeiro. Criou-se o GPE – Grupo de Publicações / Editorial, com a participação de Wilson Figueiredo, Augusto Frederico Schmidt, Odylo Costa Filho e Raquel de Queiroz; as suas publicações contavam com apoio de editoras, como O Cruzeiro, Agir, Saraiva, Editora Nacional. Formou-se ainda o GOP – Grupo de Opinião Pública, com Jose Sette Câmara e Augusto Frederico Schmidt, secretariados por Nelida Piñon. A programação de cursos e seminários, que teria sido idealizada por Golbery do Couto e Silva, obteve repercussão e sucesso, tendo havido grande empenho para que ela se apresentasse como esforço competente para compreensão da realidade brasileira, por isto mesmo tendo sido buscada a colaboração de intelectuais de diversas tendências.
Tudo isto compôs uma arquitetura muito bem planejada e de responsabilidade de homens que compuseram os quadros de direção do IPES: Alexandre Kafka, Américo Lacombe, Antônio Gallotti, Augusto Trajano de Azevedo Antunes, Gilbert Huber, Glycon de Paiva, Israel Klabin, General Golbery C. Silva, General Heitor Almeida Herrera, José Garrido Torres, Guilherme da Silveira Fo, A.C. Pacheco e Silva, Gastão Eduardo Bueno Vidigal, Gustavo Borghoff, Humberto Monteiro Carneiro da Cunha, José Ermírio de Moraes Fo., João Baptista Leopoldo Figueiredo, Luiz Dummond Villares, Oscar Augusto de Camargo, Paulo Almeida Barbosa, Paulo Ayres Fo., Theodoro Quartim Barbosa, Raphael Noschese, Paulo Lacerda Quartim Barbosa, Felipe Arno, José Martins Pinheiro Neto, Daniel Machado de Campos. A relação extensa de nomes permite a identificação de grandes banqueiros, industriais, advogados representantes de interesses internacionais, gerentes de empresas estrangeiras, militares, como os homens que estiveram empenhados em conservar e ampliar a posição que vinha sendo conquistada desde os primeiros anos da década, com a consolidação de uma burocracia pública, formando técnicos que se empenharam em substituir o político pelo administrativo, ou, mais exatamente, confundir o interesse de Estado com os objetivos do capital privado. Os principais representantes dessa tecnocracia, de resto, participaram ativamente do trabalho do IPES".
Maria Fernanda Arruda - Ativista digital - RJ. 

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