segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Educação Para uma Consciência Verdadeira!!!

TEORIA CRÍTICA E EDUCAÇÃO: EDUCAÇÃO “PARA UMA CONSCIÊNCIA VERDADEIRA” E PARA A EMANCIPAÇÃO

A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para
a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio
não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender
como até hoje mereceu tão pouca atenção.
(Adorno – Educação após Auschwitz)

            Este capítulo tem como objetivo pensar as contribuições da Teoria Crítica para uma educação crítica e emancipatória. “A proposta de uma educação emancipatória se radica no enfrentamento dos impasses do nosso tempo, ou do mundo administrado, fechado à mudança, cujos fins já estão previamente configurados, enquanto projeto político que se sobrepõe aos valores da humanidade” (p. 85). A ideia de uma educação emancipatória serve como desfecho da discussão em torno da relação entre teoria crítica e o projeto de emancipação.
Com isso, pleiteio assegurar, por esse recorte, a presença do projeto de emancipação que acompanha a teoria crítica, também em sua fase tardia. O enfoque na educação, segundo aqui se compreende, possibilita vislumbrar clareiras abertas em meio às contradições da sociedade da dialética do esclarecimento (p. 85).
            Sob essa perspectiva, a educação é vista como um projeto de “desbarbarização”, de conscientização crítica, de enfretamento da instrumentalização da razão, da dominação e da exploração correlatas a este processo.
            A proposta de uma educação emancipatória é elucidada pelo autor a partir do uso dos termos “formação” e “semiformação”, sendo este a negação daquele.
Dessa forma, o conceito de “formação” apresenta-se como uma proposta pedagógica que visa o enfrentamento crítico e operativo do processo de semiformação, como realização de um destino da civilização. É característica desta proposta da formação o opor-se à semiformação, enquanto forma dominante da consciência atual. E nessa perspectiva pode-se relacionar o tema da formação com a proposta pedagógico/educacional emancipatória. Se a educação, para Adorno, é enfrentar as ameaças da barbárie, formar é contrapor-se à semiformação que forma para a desumanização, adulterando o espírito (p. 98).
            A ideia de “semiformação” é utilizada aqui para identificar uma base social estruturada na dominação e na exploração. Frente à esta base, é preciso opor uma educação como formação cultural e emancipatória.   A semiformação é característica da barbárie, da regressão da razão a puro instrumento de dominação da natureza. É preciso pensar uma formação cultural acompanhada de uma educação crítica que possa ajudar a resgatar o valor da consciência da humanidade. E assim chegamos ao último tópico da dissertação de Vital Ataíde da Silva, a saber, o da educação como emancipação.
Desta feita, a possibilidade de mudança, de autonomia do sujeito, de indivíduos livres é sustentada tanto em Adorno como em Horkheimer por uma Filosofia da Educação em que a educação é pensada como instrumento de transformação da consciência e da própria sociedade. A base de sua filosofia da educação está no projeto de reapropriação pelo homem de sua própria condição e sentido, sobrepondo-se aos condicionantes de um mundo em que o útil é o desejado, em que o lucro é a razão de todos os esforços humanos. Para esse projeto convergem, num só esforço, seja a recuperação da formação cultural quanto uma educação crítica (p. 103).
            É preciso formar nos indivíduos a consciência do verdadeiro significado da existência humana, de sua presença na história, de sua capacidade de desmontar as armadilhas da instrumentalização da razão e dos interesses ideológicos de grupos economicamente dominantes. Uma concepção crítica de educação que denuncie a barbárie que a sociedade carrega potencialmente dentro de si.
            À guisa de conclusão, colocamos aqui os objetivos destacados pelo autor de sua obra:
reconhecer em que consiste um projeto de emancipação em Adorno e Horkheimer e sua relação com a teoria crítica da sociedade pela análise dos pressupostos da razão instrumental, da Indústria Cultural e sua crítica à cultura de massa, da degradação da razão pelo anti-semitismo;
analisar a teoria crítica como crítica da sociedade que se estabelece na Alemanha do nacional socialismo hitleriano como crítica da sociedade oriunda das entranhas da razão ilustrada/instrumental;
discutir os pressupostos da consecução da emancipação, ou seja, a crítica social, objetivando opor-se à razão instrumentalizada e à sociedade administrada, fruto de desvios na trajetória originariamente emancipatória do esclarecimento, caminho em direção “à autonomia e à autodeterminação do homem”;
detectar, nos textos escolhidos, a presença de elementos que demonstram a continuidade do tema da emancipação no pensamento crítico de Adorno e Horkheimer;
averiguar a pertinência da teoria crítica como um projeto de emancipação, descobrindo suas modalidades e o seu alcance para a análise da sociedade em nosso tempo e um projeto político capaz de conduzir a sociedade à autonomia e à liberdade.
Enfim, apontar os temas que na fase tardia vinculam a teoria crítica com o projeto de emancipação (p. 116).
            Vale ressaltar ainda, a abordagem dos temas “educação contra a barbárie”, “educação para uma consciência verdadeira”, “educação para a sensibilidade”, da “formação contra a semiformação”, do “progresso” como desenvolvimento da humanidade, “educação para a emancipação”, como aspectos emancipatórios da Teoria Crítica.


Leia mais: http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/adorno-e-horkheimer-a-teoria-critica-como-objeto-de-emancipacao-resenha/

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