A
cultura de tolerância religiosa é recente no Brasil. Nas raízes de nossa
formação, encontra-se o massacre cultural imposto aos povos indígenas e
africanos, obrigados a renunciar a suas crenças originárias e aceitar o poder
dos senhores, aliados à estrutura da Igreja Católica. Com a tolerância advinda
em meados do século passado, a partir do Concílio Vaticano II, uma nova onda de
intolerância religiosa ganha ímpeto com o fanatismo de parte dos evangélicos
neopentecostais, tendo como principais alvos as religiões de matriz africana.
Mesmo
com os avanços legais que tornaram o Brasil um dos países mais avançados na
criminalização do racismo e da discriminação religiosa, permanece em boa parte
da sociedade brasileira o sentimento abafado do segregacionismo excludente. Na
onda de ódio fomentada no país, nos últimos anos, a resistência
cultural-religiosa desses povos passou a incomodar os setores de extrema
direita, que passaram a ameaçar novamente a imposição de restrições às
religiões não-cristãs, e a disseminar o medo.
Esse
comportamento de uma parte da sociedade abre caminho ao cenário da ameaça
fascista, solo fértil às hostilidades de raça, gênero e todas as demais
discriminações sociais, hoje personificadas na figura de Jair Bolsonaro. Seu
discurso deixa claro o intento de subjugar as minorias.
Os
discursos de ódio, ironicamente, têm se aproveitado da liberdade de expressão,
que não tem proteção contra a livre circulação de ideários fascistas.
Nós,
muçulmanos e judeus, que conhecemos os horrores da islamofobia e do
antissemitismo, temos a sensibilidade aguçada para perceber que, entre todas as
barbaridades proferidas por este candidato, a mais emblemática, por atingir
vários segmentos, foi a de que as minorias devem se curvar à maioria. Essa
frase ecoa fundo no coração daqueles que sofrem diariamente a brutalidade do
preconceito e da não aceitação, contrariando a nossa Constituição, que nos
garante o direito de vivermos em um Estado Laico. As minorias religiosas se
sentem ameaçadas em seus direitos à prática de seus cultos, e até mesmo, nas
suas existências.
O
discurso de ódio fomentou a união de muitos subsetores existentes nas mesmas
minorias, e nos une contra o inimigo comum. Manifestamos o nosso mais profundo
repúdio a todas as formas de intolerância que possam compromete
ASSINAM
ESTA NOTA PÚBLICA:
MUÇULMANOS
CONTRA BOLSONARO
COLETIVO
MUÇULMANAS E MUÇULMANOS CONTRA O GOLPE
MESQUITA
SUMAYYAH BINT KHAYYAT – COMUNIDADE MUÇULMANA DE EMBU DAS ARTES-SP
MUÇULMANAS
EM MANIFESTO CONTRA O FASCISMO
JUDEUS
CONTRA BOLSONARO
FRENTE
JUDAICA PARA OS DIREITOS HUMANOS
ARTICULAÇÃO
JUDAICA
MERETZ
BRASIL
Divulgado pelo DCMAlfio Bogdan - Físico e Professor
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