Há 121 anos, nas terras da Réggio Calábria, aos 29 de janeiro de 1899, nasceu
o menino que recebeu o nome de Alfonso Alfio Macchione. Como a vida prepara suas
surpresas, veio para Catanduva e aqui, passou a viver na companhia dos
inseparáveis amigos “Pepino”, e Vicente, este, um calabrês que mal chegava ao
1,70m, excelente “desossador” — desperdiço zero — , tornou-se, também, exímio
podador de parreira de uva – tinha o dom na mão maravilhosa. Recebia os elogios
com um sorriso acompanhado de uma gargalhada que parecia asmática —se fumava,
era palheiro—, mas, qual o quê, não tinha doença alguma o italianinho. Calmo,
fala mansa, olhar esperto, mas impunha um respeito... Na época de podas andava
sempre com uns ramos no bolso traseiro das calças, ramos escolhidos sob olhar
de quem conhecia e com eles fazia suas novas mudas de parreiras que presenteava
os amigos. Parecia que as uvas que vinham após as podas do Vicente, tinham o
doce apreciado pelas abelhas e uma formiguinha vermelhinha, pequena, mas ao
“picar” sempre no pescoço, doía que era coisa de doido. Por absurdo, sinto a
doçura ainda hoje ao lembrar daqueles belos cachos de uvas brancas e havia pretas
também —lembro das formiguinhas também. Vicente e o Pepino seguiram com o ramo
de carne e meu pai foi buscar novos horizontes, irriquieto provocado por sua
arguta inteligência. Não que os amigos não eram igualmente inteligentes, mas o
Affonso tinha um fogo a mais.
Meu pai, como todo bom italiano tinha noção de comércio como poucos e
em pouco tempo, dos trabalhos mais pesados, alcançou a independência, gerindo
seus próprios negócios: de miúdos bovinos, à embrionária fabrica de sabão onde
ficaram Pepino e Vicente, e meu pai chegou ao ferro-velho onde desmanchava sem dó
os carros encostados pela escassez de combustível – já era o início da 2ª
grande guerra. No desmanche não devia haver peças por inteiro. Chegava a vez de
minha mãe, a “Mari”, ajudar — viviam uma relação estável desde a época do
comércio de carne. A vida reservara
o que estava por vir. Tiveram dois
filhos. Mas, vamos lá, no trabalho ela segurava um machado sobre os parafusos e
emendas e ele marretava sem piedade. Não havia parafuso que aguentasse,
cortavam todos. O uso do machado era pelo fato de não haver cisalha e,
talhadeira era demorado. E assim iam desmanchando os veículos comprados como
sucatas – não tinham valores outros. Os desmanches eram vendido para a
indústria, na Capital, e para ali enviavam pela via férrea. Por esta
época eu nasci em 1940 e meu irmão em 1941. Dai, do Ferro-Velho, para a
indústria de móveis e fábrica de
carrocerias de caminhões e de “jardineiras” (assim chamavam os atuais ônibus) e
de caminhão tipo furgão, oficina mecânica e o ramo de combustíveis – Posto de
Gasolina — da bandeira Esso, foi um passo de muita ousadia. Surgiu o “Posto
Catanduva”. Eu e meu irmão já havíamos nascidos – como nos amava aquele homem
bruto. Foi ali na fabrica de carrocerias que vi furarem as travessas com
ferros em brasa. Onde assentariam os parafusos para fixarem as bases das
carrocerias.
Assim como eu, meu irmão Ivo e nossas famílias, temos esta data na
lembrança, 29 de janeiro, como dia do seu Alfonso ou como era muito conhecido:
O “Calabrês do posto”. Hoje comemoramos
o que seria o centésimo vigésimo primeiro (121) aniversário do inesquecível
Alfonso Alfio Macchione (in memoriam). A meu pai, nossas orações e os melhores
sentimentos em louvor ao seu espirito que o cremos, gozando da PAZ do Pai
Eterno, no Reino de Deus. Sua benção meu Pai! Feliz Aniversário!!!
Alfio Bogdan - Físico e Professor
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