terça-feira, 18 de fevereiro de 2020




Há 121 anos, nas terras da Réggio Calábria, aos 29 de janeiro de 1899, nasceu o menino que recebeu o nome de Alfonso Alfio Macchione. Como a vida prepara suas surpresas, veio para Catanduva e aqui, passou a viver na companhia dos inseparáveis amigos “Pepino”, e Vicente, este, um calabrês que mal chegava ao 1,70m, excelente “desossador” — desperdiço zero — , tornou-se, também, exímio podador de parreira de uva – tinha o dom na mão maravilhosa. Recebia os elogios com um sorriso acompanhado de uma gargalhada que parecia asmática —se fumava, era palheiro—, mas, qual o quê, não tinha doença alguma o italianinho. Calmo, fala mansa, olhar esperto, mas impunha um respeito... Na época de podas andava sempre com uns ramos no bolso traseiro das calças, ramos escolhidos sob olhar de quem conhecia e com eles fazia suas novas mudas de parreiras que presenteava os amigos. Parecia que as uvas que vinham após as podas do Vicente, tinham o doce apreciado pelas abelhas e uma formiguinha vermelhinha, pequena, mas ao “picar” sempre no pescoço, doía que era coisa de doido. Por absurdo, sinto a doçura ainda hoje ao lembrar daqueles belos cachos de uvas brancas e havia pretas também —lembro das formiguinhas também. Vicente e o Pepino seguiram com o ramo de carne e meu pai foi buscar novos horizontes, irriquieto provocado por sua arguta inteligência. Não que os amigos não eram igualmente inteligentes, mas o Affonso tinha um fogo a mais. 
Meu pai, como todo bom italiano tinha noção de comércio como poucos e em pouco tempo, dos trabalhos mais pesados, alcançou a independência, gerindo seus próprios negócios: de miúdos bovinos, à embrionária fabrica de sabão onde ficaram Pepino e Vicente, e meu pai chegou ao ferro-velho onde desmanchava sem dó os carros encostados pela escassez de combustível – já era o início da 2ª grande guerra. No desmanche não devia haver peças por inteiro. Chegava a vez de minha mãe, a “Mari”, ajudar — viviam uma relação estável desde a época do comércio de carne. A  vida reservara o  que estava por vir. Tiveram dois filhos. Mas, vamos lá, no trabalho ela segurava um machado sobre os parafusos e emendas e ele marretava sem piedade. Não havia parafuso que aguentasse, cortavam todos. O uso do machado era pelo fato de não haver cisalha e, talhadeira era demorado. E assim iam desmanchando os veículos comprados como sucatas – não tinham valores outros. Os desmanches eram vendido para a indústria, na Capital, e para ali enviavam pela via férrea.  Por esta época eu nasci em 1940 e meu irmão em 1941. Dai, do Ferro-Velho, para a indústria de móveis e fábrica  de carrocerias de caminhões e de “jardineiras” (assim chamavam os atuais ônibus) e de caminhão tipo furgão, oficina mecânica e o ramo de combustíveis – Posto de Gasolina — da bandeira Esso, foi um passo de muita ousadia. Surgiu o “Posto Catanduva”. Eu e meu irmão já havíamos nascidos – como nos amava aquele homem bruto. Foi ali na fabrica de carrocerias que vi furarem as travessas com ferros em brasa. Onde assentariam os parafusos para fixarem as bases das carrocerias.
Assim como eu, meu irmão Ivo e nossas famílias, temos esta data na lembrança, 29 de janeiro, como dia do seu Alfonso ou como era muito conhecido: O “Calabrês do posto”.  Hoje comemoramos o que seria o centésimo vigésimo primeiro (121) aniversário do inesquecível Alfonso Alfio Macchione (in memoriam). A meu pai, nossas orações e os melhores sentimentos em louvor ao seu espirito que o cremos, gozando da PAZ do Pai Eterno, no Reino de Deus. Sua benção meu Pai! Feliz Aniversário!!!
Alfio Bogdan - Físico e Professor

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