INTERVENCIONISTA E CORAJOSO, LULA MOSTRA SUA FORÇA
Em plena temporada do mensalão, ex-presidente botou a cara em
julgamento; destituiu candidatos, nomeou quem quis no PT e foi o maquinista do
trem eleitoral do partido; ida de Fernando Haddad para o segundo turno em São
Paulo, renovação apontada por Marcio Pochman em Campinas e massacre patrocinado
por Luiz Marinho em São Bernardo mostram que ele [Lula] só cresceu no maior
Estado do País; derrotas em Belo Horizonte e Recife têm
contrapeso nos bons desempenhos de seus candidatos em Curitiba e Manaus; Lula é ferro!
[8
de outubro de 2012]
247 – Os comentaristas conservadores podem torcer o
nariz. Mais uma vez. Porém, com seu estilo intervencionista, atropelador e,
sobretudo, corajoso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou de novo
a força de sua popularidade. Registre-se, de saída, que ele sofreu derrotas
pessoais em Recife, onde impôs Humberto Costa no lugar do prefeito que tinha
chances de vitória João da Costa, e também em Belo Horizonte, capital mineira
em que seu escolhido Patrus Ananias ciscou chegar, mas ficou na poeira da
vitória em primeiro turno de Marcio Lacerda. Nos dois casos, Lula bateu de
frente com dois dos mais fortes caciques regionais do País, o governador
Eduardo Campos, em Pernambuco, e o senador Aécio Neves, em Minas. Deu
torcida sobre o segundo, mas passou longe de ameaçar o segundo.
Mas o que dizer da alavancagem que Lula proporcionou
ao ex-ministro Fernando Haddad, em São Paulo, outra de suas criticadas
escolhas? Com praticamente zero por cento em dezembro, cravou 29% dos votos no
domingo 7/10/12, ficando um ponto do bicho-papão José Serra e olhando pelo
retrivisor o azarão Celso Russomano. Carregado pela mão por Lula, Haddad, se
caísse, arrastaria Lula para um bueiro de críticas. Ao passar para o segundo
turno em condição de favoritismo, com 45% das intenções segundo o Instituto
Datafolha, contra 39% de Serra, Haddad só não puxa o prestígio de Lula ainda
mais para cima nas páginas da mídia tradicional. Na realidade, o ex-presidente
consumou um prodígio de transferência de votos na maior e mais complexa cidade
do País.
Em Campinas, com o ex-presidente do Ipea Márcio
Pochmann, que as pesquisas davam por derrotado, Lula prosseguiu positivamente,
agora na segundo maior cidade do Estado de São Paulo, em seu movimento de
renovação do PT, carregando-o para talvez o mais improvável dos segundos turnos.
Seu amigo pessoal Luiz Marinho, por outro lado, ganhou estourando em seu berço
político, São Bernardo do Campo. Na vizinha Santo André, por pouco a fatura não
foi liquidada logo na primeira volta, com Carlos Grana, do PT lulista, fechando
com 42% dos votos.
Ω—> De volta ao
Nordeste, ACM Neto, do DEM, tinha tudo para ganhar em primeiro turno, mas ficou
apenas um ponto a frente de Nelson Pelegrino, do PT, outro embarcado no trem
eleitoral pilotado pelo maquinista Lula. Isso não conta? Em Manaus, noutra
capital em que jogou seu prestígio, o ex-presidente igualmente provocou o
segundo turno contra o arquirival petista Artur Virgílio, guiando a senadora
Vanessa Graziotin, do PCdoB, para as águas de um novo escrutínio.
Ω—> É preciso refrescar a memória com outra informação
que aponta para Lula como, inconteste, a
maior liderança política do País. Quando ele chegou à Presidência da República,
em 2002, seu partido tinha cer cerca de uma centena de prefeituras. Agora,
essa base está multiplicada por seis, chegando a perto de 650 cidades administradas pelo
partido. O
índice pessoal de popularidade do presidente é maior até mesmo que o da
presidente Dilma Roussef, uma recordista de aprovações.
Na véspera das eleições de domingo, Lula foi direto
ao ponto teclado com insistência por seus críticos, em cima do palanque de
Marinho em São Bernardo. "Tem muita gente que a vida
inteira torce para o fim do PT e o que vai acontecer é que o PT vai sair mais
forte dessas eleições do que entrou em todas as regiões", disse. "Mas o PT sairá
fortalecido aqui no ABC e no Brasil",
acrescentou Lula. "Tenho certeza de que será a
legenda mais votada no Brasil inteiro, porque é muito boa". Sempre fiel a seu jeitão, ele previu a superação,
por Haddad, de sua primeira prova de fogo. "Se tem um candidato
que vai para o segundo turno é o Haddad, agora, quem vai com ele eu não
sei", afirmou. Errou?
fonte: brasil247
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