Apenas Norma!
Linda, em sua vida esplendorosa, brilhava seu glamour, e
agora nem sei se há sepultura, eis que cremada. O cinema brasileiro, que tanto
deve a Norma Bengel, assiste indiferente o “enterro de
tua última quimera./ Somente a Ingratidão - esta pantera – / Foi tua
companheira inseparável! Vês! Ninguém assistiu à formidável / cremação
daquilo que nos restou da fera.
Quinze pessoas assistiram impávidos à
formidável “cremação” de tua última quimera. Cadê? Cadê? Não veio? Como pode?
São apenas quinze certificadores de tua última viagem livrando-te de tuas angústias
e sofrimentos vis: Havemos Bengell, com empáfia, anuncia o Diretor do
Espetáculo entregando-lhes o pote com as cinzas daquele corpo que outrora fora
tão cobiçado.
Norma Bengell é cultura sim senhor/a,
brilhou nas telonas e nas telinhas desempenhando com fulgor a “arte de imitar
da vida”. Não só pelo primeiro nu frontal no Brasil — Ó! Ó! Você viu? Em pelo!—
Nada a cobrir-lhe as partes pudentes de seu corpo próximo à perfeição.
Envergonho-me das manifestações de minha
época, pois no deboche pendurávamos a condição de macho: Nada mesmo, à mostra todo
o “parque de diversão”. Não me eximo da participação, pois cantávamos em
verso e prosa nossa machidão. Vergonha! Porém Norma, sem norma alguma brilhava
nas telas do mundo e agora irá brilhar em nossas saudades.
alfio bogdan
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