VOTO NULO?
Gabriela
é a adaptação da bela obra de Jorge Amado plena de denúncias da servidão por
conta da mulher, tanto em suas famílias onde são preparadas para servirem ao
senhor seu homem – “Hoje vou me servir da senhora” diz o senhor marido – quanto
no Bataclã onde até leilão de virgindade foi levada ao deleite dos "coronéis" de então.
O
alerta de Jorge Amado, homem de formação da mais elevada cepa comunista cujo
princípio fundamental era a oposição da exploração do homem pelo homem e
argumentação contra o Capital se fez com seu romance. A peça com forte apelo ao
sexo deixa passar a rebeldia da juventude contra a política dos senhores donos
do cacau. Aliás, o cacau era a moeda de troca – comprava virgindade e até a submissão
da mulher pelo concubinato teúdo, a manteúda.
Mas,
como não podia deixar, apresenta a submissão, do homem de então, pela aplicação
do voto de cabresto – em quem eu mandar votar eles votam – e pela fidelidade,
dos não tão ricos coronéis,
aos grandes coronéis, estes, donos de imensas glebas de cacau que dominavam
também a comercialização e exportações das produções.
Nossa
jovem democracia, a mais extensa fase, comemora 27 anos — nunca antes vivemos
sob a égide da democracia por mais de 20 anos seguidos —, pois sempre vivemos
um ‘golpe’ neste caminhar brasileiro,
embora em 2005 “quase” tivemos outro golpe. Sugerimos a leitura de “E se o golpe de 2005
tivesse dado certo? Artigo de Emir Sader ao portal “Carta Maior”. Assim, pouco a pouco vamos praticando a Democracia e nela
dedicamos nosso respeito e verdadeiro acolhimento.
É
exatamente isto que os apologistas do voto nulo estão a exercer: não havendo
como impor o voto de cabresto, procuram sensibilizar o povo mais humilde, para a prática do voto
nulo, justamente aquele que tem seus dias tomados pelo trabalho exaustivo com
pouco tempo para o horário político e parcas leituras, entretanto, seus votos, (dos
apologistas) e de seus pares e parceiros são discutidos nas salas, refestelados
nas poltronas aconchegantes e ambientes onde o ar é condicionado, são
direcionados àqueles que darão segmento à manutenção do poder e de seus
interesses quase nunca em favor do povo, é o tal movimento “de olho no poder”,
nada a ver com o espaço nesta rede social, mas defendido pelo “sob nova direção”.
Marco
Aurélio de Mello quando na presidência do TSE, deixou clara a discussão com a
luz dos artigos 220, 221, 222 da lei 4737/65 onde destacam-se que o candidato
será eleito e tomará posse se alcançar 50% (metade) mais um dos votos válidos, excluídos os
brancos e os nulos. Supondo
que absurdamente 150 mil eleitores, num colégio eleitoral de 230 mil eleitores,
anulem seus votos, sobrando, para tanto, 80 mil votos válidos. Assim, aquele
que alcançar um voto a mais que a metade dos 80 mil tomará posse. Daí entender
o interesse da elite quanto ao voto nulo que é uma esperança inócua. A massa tem
o poder em suas mãos. A massa elege. A massa não usará do expediente do voto
nulo. Votemos consciente-mente.
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