Carta Maior ( Najla Passos) à Dra. Ceramides Carbonell – 42 anos.
Najla Passos:— Você disse que, em Cuba, os estudantes
escolhem fazer medicina por vocação. No Brasil, os cursos de medicina são os
mais caros, nas universidades particulares, e os mais concorridos, nas universidades
públicas e, com isso, acaba que praticamente só os mais ricos, que têm como
pagar uma educação de maior qualidade, conseguem acesso a eles.
Dra — "Em
Cuba, a oportunidade é a mesma para todos os cubanos. Não há classes sociais diferentes. ≪Todos somos iguais ≫. —►Não há discriminações por sexo ou raça. —►Sou
mulher, sou mulata, mas estou aqui como todos os outros companheiros da brigada."
N.P: — Os brasileiros têm muita dificuldade em entender como vocês podem vir para cá sem receber o mesmo salário pago aos demais profissionais que integram o programa, como vocês aceitam que parte dos seus salários seja retida pelo governo. Como você vê isso?
Dra — "Eu conheço essa polêmica capitalista. É que |>vocês não entendem que nós não trabalhamos por dinheiro, mas por solidariedade, humanismo<|. O comandante Fidel Castro, nosso líder nacional e também latino-americano e mundial, tem uma frase que diz que ‘ser internacionalista é saudar nossa própria dívida com a humanidade’. E nós |>carregamos esse conceito em nosso coração. Desde pequenos, já aprendemos sobre internacionalismo, solidariedade, honradez, bondade, profissionalismo. Eu acho até que o povo cubano não poderia viver sem esses conceitos, que estão na base da sua cultura. Como diz nossa ministra da Saúde, temos um recurso muito grande, que é nosso próprio conhecimento e o amor do nosso povo por outros povos irmãos".
"Cuba é um país pobre e bloqueado, mas nossos
indicadores de saúde são excelentes. E isso não tem a ver com muita
tecnologia. Estamos entre os cinco países com menor
índice de mortalidade infantil: menos de 4,5 por mil nascidos vivos.
|>> Isso é graças ao nosso
esforço, porque estudamos muito,
investimos em pesquisas, «praticamos muito o método clínico, e isso faz a
diferença».
Também temos uma vigilância epidemiológica muito boa, fundamental para
todos. E a saúde cubana é multissetorial: até a
população participa. ||>A
dengue, por exemplo, é uma doença transmissível. Se o governo não educa sua população,
todos morreremos.<|| Senti nestas palavras verdadeira pulada na moleira,
pois agarrei a pensar nos números epidemiológicos da dengue em Rio Preto – SP.
Alfio Bogdan
Fonte: Carta Maior.
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