publicado
em 20 de novembro de 2013
por Eric Nepomuceno, na Carta Maior
Era
preciso expor José Dirceu ainda mais – e também José Genoino – à execração
pública. Concentrar neles toneladas de ressentimento sem fim.
Quando se postulava a uma vaga no
Supremo Tribunal Federal, o então juiz Joaquim Barbosa procurou José Dirceu,
ministro-chefe da Casa Civil do primeiro governo de Lula (2003-2007).
Apresentou um pedido de rotina:
apoio para que seu nome fosse levado ao presidente, a quem cabe indicar os
membros da corte suprema.
Dirceu recebeu o pedido, e comentou com o postulante: “Bom mesmo será o dia em que
os que pretendem chegar ao Supremo obtenham sua indicação por seus próprios
méritos, e não por indicações políticas como a que está me pedindo”.
Barbosa foi escolhido por Lula porque Lula queria ser o
primeiro presidente a indicar um negro para a corte máxima do país.
=►De origem humilde,
Barbosa construiu sua carreira graças a um esforço descomunal. Teria méritos
profissionais mais que suficientes para chegar aonde chegou. Mas não chegou por
eles.
Antes, tentou entrar na carreira
diplomática. Acabou frustrado pelo elitismo dominante na corporação: o teste
psicológico do Itamaraty que o derrotou menciona uma personalidade insegura,
agressiva, com profundas marcas de ressentimento. Com isso, não fez outra coisa
além de reforçar a agressividade, a prepotência, o autoritarismo e, enfim, o ressentimento
do candidato.
Não terá sido a única razão, mas certamente
contribuiu para que toda essa história desse no que deu.
O
sistema judiciário brasileiro está, como todo o sistema político, impregnado de
vícios de raiz.
A condução mediática e espetaculosa
do julgamento que levou Dirceu e Genoino para a cadeira é prova cristalina dos
desmandos do Supremo Tribunal Federal.
Joaquim Barbosa tem vasta e sólida experiência. Não é um
aventureiro doidivanas: sabe muito bem o que faz. E fez o que fez, ao expedir
os mandados de prisão de maneira tão insólita, de propósito.
José Dirceu é uma espécie de ódio pessoal. Mais do que
prendê-lo, era preciso expô-lo ainda mais – e também José Genoino – à execração
pública.
=►Concentrar neles toneladas acumuladas de ressentimento sem
fim.
Não há outra explicação para que a ordem expedida aos
responsáveis pela sua execução tenha sido tão absurdamente imprecisa.
A pena a que estão
condenados implica, necessariamente, legalmente, constitucionalmente, outro
tipo de tratamento. Joaquim Barbosa tem plena consciência disso.
Tecnicamente, ao menos, não há como negar essa consciência.
Mas
parece que nada disso importa. O que importa é que agora ele, paladino do
moralismo hipócrita que viceja neste país, tem uma ampla e luminosa alameda
para caminhar rumo a uma estrepitosa carreira política na maré da direita mais
hipócrita.
Alguma vez, algum dia, esse país exumará essa história, da
mesma forma que está exumando, junto aos restos mortais do presidente Jango
Goulart, os detalhes das manipulações impostas ao país pelas suas elites
malandras.
Agora, com meio século de atraso, admite-se que a farsa
perpetrada por parlamentares submissos à elite civil que fez dos militares seus
marionetes de ocasião seja desmascarada.
A começar, aliás, pelo começo: a tal revolução do 31 de
março de 1964 não passou de um golpe torpe perpetrado no dia primeiro de abril
de 1964. O dia da mentira.
Algum dia se conhecerá a verdade, os bastidores dessa
farsa consagrada pelo Supremo Tribunal Federal e construída e alimentada pelos
grandes blocos que controlam os meios de comunicação deste país.
Meios que não informam: deformam. Juízes que, em sua
maioria, não fazem justiça: são figuras de um grande teatro de absurdos.
alfio bogdan
Parabéns. O Joaquim Barbosa Silverio dos Reis é apenas um mediocre capitão do mato a serviço da "elite" mais egoísta do mundo, representada pela mídia que defende o grande capital internacional em detrimento dos interesses nacionais...
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