domingo, 13 de julho de 2014

A mercantilização no futebol

O neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. Que ao pregar a profissionalização do futebol, contra o que chamava de ditadura dos clubes entrega-os aos empresários (Emir Sader).
Clamando a si mesmo com o intuito de nunca mais ter que escrever sobre o assunto, Emir Sader risca e rabisca sobre a Lei Pelé. Um pouco na história, lá no meu tempo do Ginásio Catanduva, da família Além – quem não se lembra? Tínhamos um entusiasta do futebol e das artes plásticas que nos ensinava desenhar a vida: José Favorino Rangel – difícil quem não foi seu aluno.

Certa feita, ao falar do brilhante inventor da bicicleta no futebol e enquanto dele falava riscava com o giz branco no quadro ainda negro o atleta em sua famosa atuação. Enquanto íamos identificando o grande Leônidas da Silva o mestre encantava-nos com sua história no Paulistano, clube de seu coração. Vozeirão do Prof. Rangel ecoava pela sala e, embevecidos, ouvíamos seus ensinamentos inclusive com pinceladas do sentimento pátrio – fora soldado constitucionalista. Prof. Rangel também fora craque da bola junto com Leônidas da Silva. Não me lembro da escalação cantada pelo mestre, mas eu sei-o futebolista.

Ainda menino, lembro-me de que o jogador vestia a camiseta do time que, realmente, era o clube de seu coração. Jogava no SPFC que realmente era são-paulino e por ai a fora... Lembro-me de seu entusiasmo ao dizer ter abandonado o futebol quando o Paulistano de seu coração transformara-se no São Paulo Futebol Clube, ou seja, iniciava-se o período profissionalismo no futebol. A partir de então, o dinheiro passou a mandar no futebol.

De há algum tempo os clubes caem pelas tabelas, quase sem dinheiro, mas os jogadores, sem apego a clube algum, mudam de esquadra, como o vento, inclusive para o rival, sob a “desculpa” de não poder atuar contra o time de onde saíra, sempre sob a batuta do empresário (geralmente ex-jogadores que gozam de boa relação com os melhores times do cenário mundial). Muitos são contratados pelas Emissoras de televisão como comentaristas, outros como Raí, Ronaldo e Luizão atuam como empresários alimentando ou encaminham à mercantilização. 
   
No Brasil, o neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. Que pregava a “profissionalização” do futebol, contra a ditadura dos clubes, que tinham os jogadores atrelados ao clube como se se tratasse de uma relação feudal, pré-capitalista (Emir Sader).

Além da campanha contra os “cartolas”, com acusações de corrupção, concentração de poder, arbitrariedades, etc. Estava dada a incorporação da campanha neoliberal. A mercantilização tomou conta do futebol sob a bandeira da libertação dos jogadores do domínio dos clubes◄, entregando-os, de mãos beijadas, aos empresários que habitam as redes de televisões, rádios, jornais etc.

A necessidade de mercantilizar tudo, de transformar a sociedade em um lugar em que tudo é comprado, tudo é vendido, tudo é mercadoria, e que deu o pontapé inicial ao enriquecimento dos meninos de berços pobres e que em pouco tempo, ao deixarem os gramados, passaram a representar, através de suas empresas, os interesses de novos jogadores e atletas quando não, sob a associação ou domínio das “Nike, Adidas, Mizuno, Olimpycus” e demais do gênero.


Feliz ou infelizmente foi o que vi e registrei nesta que foi a mais bela e festiva Copa do Mundo 2014 realizada no Brasil que poderia ter sido a coração do futebol brasileiro. O hexa ficou para depois, quem sabe para 2018, por ocasião da 21ª edição do campeonato com sede na Rússia◄.

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